Sunday, December 10, 2006

No outro dia li um post de uma das minhas admiráveis bloguistas sobre mudar de casa e apercebi-me que tenho muito a dizer sobre isso. Não tanto sobre mudar de casa quanto sobre viver com um espécime de sexo masculino. Já lá vai um ano e alguns meses desde que comecei a viver em união de facto. É um facto que viver nessas condições pode ser um tiro no escuro, mas acertei. Claro está que, como qualquer espécime desta "raça", há um ou outro pormenor de desarrumação que me mexe com os nervos. Mas são os outros pormenores que me deram vontade de escrever.

Começa pela manhã, preguiçosa de segunda feira. Sou eu quem se levanta primeiro. Levantar o espécime, vulgo acordar, torna-se uma tarefa aventureira. Não há despertador, abanão, gritinho histérico que o acordem à primeira. Após tentativas desesperadas para lhe dar a conhecer a luz do dia, lá se levanta, adoravelmente ensonado. Não há imagem melhor, acreditem. Passeio apressadamente o cão e volto para o encontrar fresco no jornal e no parco pequeno almoço. Corro para o metro com a vontade de ficar largada no sofá.

A calma ponderada do espécime, enquanto bebe o iogurte e acaricia o cão, não perturbada pela constatação de uma segunda cinzenta. O dia decorre sem interesse.

Voltamos ao final do dia. Há mil DVDs, bifes para fritar, o cão para passear, a escolha da série de hoje e o adormecer. Nada entediante, a repetição dos dias. Para quem ainda não viveu ou não pensa viver em "alegado" pecado, fica o testemunho. É fantástico na mesma proporção que o nosso espécime o seja. E não precisa de nos surpreender com jantares à luz de velas nem fantasias eróticas a partir das 20h00 para ser simplesmente fantástico. Nunca entendi aqueles que entendiam o tédio no dia a dia.

Gosto desse tédio. Gosto da repetição da casa algo desarrumada e até dos meus protestos. Gosto da forma como responde abrindo os olhos. Gosto que embirre comigo quando embirro com ele. Gosto que me acorde no final das séries porque são duas da manhã. Gosto que peça ao cão para não aborrecer a "doninha".Gosto de pedir ao cão que não aborreça o "doninho". Gosto da sua doce calma.

Gosto de viver com este espécime.

1 Comments:

Blogger mimi said...

Thank God que há esperança e as pequenas mesquinhices do dia a dia não desentusiasmam quem está (felizmente) apaixonado!
P.S.:estou a ver que nos saíram especímenes com o mesmo ritmo (diga-se, em boa verdade, "artimia") matinal (enquanto "ele" come uma tangerina, eu: (i) arrumo a cozinha; (ii) lavo a bancada; (iii) como a minha tangerina; e (iv) enfatizo em tom "maternal not so friendly":
- Estamos SUPER atrasados"!!!!)
4 the record: inspiram-me os casais apaixonados e também a mim a rotina com o meu mais que tudo me traz Felicidade :)

2:50 AM  

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