Tuesday, October 31, 2006


Há dias psicóticos. Hoje foi um deles. Estou com uma famigerada psicose em relação a due dilligences. Quem já teve a sensação de angústia de final de dia sem conseguir produzir nada de útil que não seja preencher folhas de excel com informações perfeitamente básicas bem sabe do que estarei a falar.


Estou mesmo farta deste trabalho. O que me vale é mesmo o que tenho em casa, passo novamente a lamechice que não consigo - e realmente não quero - evitar.
É que isto de sair perto das nove em véspera de feriado que não será feriado para mim causa-me náuseas.

Principalmente atendendo ao excel que me aguarda amanhã.

Pelo menos, levo calças de ganga e ténis, o que é o melhor que se pode dizer do que espero do dia de amanhã. Os colegas, bastante sociáveis e de espírito aberto também lá estão, o que reduz a seca que prevejo. Bem sei que há coisas piores, como não ter trabalho e bla bla bla..

Mas sinceramente, mesmo sinceramente, ter uma sapataria de tamancas de marca que abre às 10h00 e fecha às 17h00 vem-me parecendo uma ideia cada vez mais apetecível.

Saturday, October 28, 2006

Sem palavras. E ainda falam do meu Camões...
Este é o filme preferido da minha pessoa preferida. Aqui vai uma enternecedora "lamechice" de que conto não receber quaisquer comentários bacocos ou jocosos. Remetam-se ao silêncio se não tiverem nada de positivo para dizer.

Ainda não vi o filme. Mas a julgar pelo apreciador, é uma terrível falha minha.


Sem grandes modéstias, um dos mais surpreendentes elogios que já recebi foi a constatação de um amigo feita en passant de que me assemelharia a esta senhora. O maior elogio que se seguiu foi proferido por outrem e passo a reproduzir os termos: " És mais bonita". Bem sabendo que isso não é verdade, compreendo a verdade que esta mentira encerra. E o resto, são conversas. Podem vir todas as ofensas.
Ir de viagem sempre me agradou. Quanto mais não seja pelas visitas ao aeroporto/aeroportos de que tenho boas memórias. Gosto de ir de viagem. Daquela lufa-lufa das malas e do que falta e do que deixámos para trás. Gosto especialmente de tentar encontrar o único recanto do aeroporto em que se possa fumar. Gosto de chegar um pouco em cima da hora, o suficiente para não perder o avião mas adquirir aquele ar ocupado executivo de que alguns, direi yuppies, se orgulham. Gosto de chegar a um hotel e a um quarto de toalhas brancas e pequenos sabonetes. Gosto de investigar o que nos forneceram, nas gavetas, no mini bar, na casa de banho. Gosto da sensação de neutralidade. Gosto de sair para jantar e voltar a outras toalhas, mini sabonetes e mini bar. Gosto de croissants e pequenos almoços que não teria a coragem de digerir aqui. Gosto de ter ainda muitos dias por gozar até estar de volta. Já nem falo da sensação de descoberta, porque gosto de voltar muitas vezes ao mesmo local. Ou melhor, falo da descoberta, mas de pequeninas coisas, banais. Aquelas que já sabemos que estão lá.

Sunday, October 22, 2006

Ah Ah!!!! Agora quem é que parece um leitão? Francamente não percebo os obtusos que não gostam da aparência do Camões. Não desconheço que a cegueira de "mãe" não é curável, mas há coisas que, de tão objectivas, deveriam permanecer indiscutíveis. É o mesmo que me dizerem que Paris não é assim tão romântico ou que Veneza tem pouca água... It is self explanatory... A partir de hoje, qualquer palavra menos agradável proferida acerca do meu canídeo será interpretada como vil ofensa, pela qual serei capaz de deixar de gostar do sujeito em causa. E isso não é nada fácil, dado que sou reconhecida (e criticada) por gostar de toda e qualquer pessoa ao ponto da otarice... Mas o que é nosso, é diferente, certo?

Esta é a mais perfeita expressão de D. Camões. Nunca vi cão mais insistente e teimoso. Tem porte. Adora fotografias. Se repararmos com muita atenção, dá para perceber o olho malandro a enfrentar a objectiva, enquanto os dentes cerram o pedaço de ganga como se não existisse amanhã. Hoje fartei-me de chorar pela manhã. Acabei o livro Marley e Eu. A chorar, como cabe a uma adoradora de cães e suas façanhas. Não é um livro brilhante, mas enternecedor. Conta a história de um labrador, Marley, e da sua paciente e simpática família durante todos os anos de vida do animal. As aventuras de Marley são descritas pelo dono, John Grogan, jornalista na vida real , que resolveu editar as verdades imtemporais da sua experiência canina. É impressionante a influência que estes simples episódios tiveram na minha forma de analisar os comportamentos de D. Camões. Porque também eu demorei pouco mais de dois segundos a afeiçoar-me a este demónio branco, a ponto de, confessadamente, me vir uma lagrimita sempre que me lembro que há muitas horas do dia em que ele espera por nós. E é feliz só e apenas por esperar por nós ao final do dia.

Thursday, October 12, 2006


Aqui está ele!

A um pé do fim de semana. Cada vez mais me agradam as quintas à noite. Isto quando a sexta feira é dia de pouco trabalho. Hoje foi um dia difícil. Tenho a mania de me meter onde não sou chamada. Ou melhor, devo corrigir, até sou chamada, mas a título, digamos, acidental. Já passou, de qualquer modo. estou quase a tempo de calçar ténis sem medo que me repreendam. Venha esse fim de semana. Tenho o Camões para empurrar de casa, visitas ao Corte Inglês à procura de aspiradores para apagar vestígios de pêlo canídeo (que cai aos milhões, francamente tenho um quase careca em casa), e discos porque a Fnac ainda é a Fnac. Domingo vai ser um dia especial. Ao que espero.
Este dia foi estranho....

Amanhã terei de contar melhor a história. Anda tudo muito enervado por aqui. As sensibilidades, as fúrias de trabalho, os grupos e mini grupos de apoios e desacatos. Parece que voltei à faculdade. Sinceramente, às vezes não percebo certos adultos, grupo em que já me insiro com carácter permanente. As pequenas quesílias de dinheiros, de estatutos, de funções deixam-me irritada. São pequeninas, picuinhas e sempre gostei de tudo o que possa levemente parecer nobre... Não somos grandes mas gostamos de parecer. É seguro que ninguém gosta de ser maltratado. Quando digo maltratado, falo de maltratos, enfim, "sociais". A nossa autoestima social ajuda ao riso e à paciência. Hoje, aqui, foi um dia estranho. Perderam-se calmas por razões que, legítimas que sejam, não deixam de me enfurecer, por não ser esta a vida que quero. Estarei a avançar para nova crise existencial?

Aqui está ele. A minha mais recente aquisição. Sem querer distorcer o entendimento daqueles que não gostam de bull terriers, é o espécime da raça canina mais atrevida que conheço. Entrámos na fase das saídas à rua e posso garantir que nunca saberemos onde vamos parar, no pressuposto de que conseguimos parar. É que ser arrastada por 12 quilos ao longo de quatro meses de idade não é pera doce... O pior ainda é o contacto deste bicho - de seu nome D. Camões Cara D' Ovo Pirata de Saldanha - com os seres humanos. Não há calça, sapato, perna nua ou collant que lhe resista. Sem qualquer resquício de agressividade, mas antes doses de simpatia, enlouquece de necessidade de afecto (não sei sinceramente porquê, dado o excesso de afecto que lhe damos), quando vê alguém. Interrompê-lo nestas interferências simpáticas com o nosso mundo é altamente arriscado. Amua, senta-se no chão onde quer que esteja e acabou-se. Caput. Não há mais conversa. Primeiro estranha-se, depois entranha-se. Não há mesmo mal encarada pessoa em tom matinal que não acabe por se rir. É um bom vendedor de imagem. E as calças, essas, podem ir à lavandaria.

Monday, October 02, 2006


Esta pequenina maravilha é uma amostra da raça canina a que me rendi totalmente. Sou agora a detentora oficial de um bull terrier. Qualquer semelhança entre o significado "bull" e a realidade que nos acompanha todos os dias deixou de ser uma coincidência. Este espécime consegue enfurecer, desesperar, adorar e perder a cabeça, rir e mais rir e adormecer em poucas fracções de segundo. Oficialmente o mais enérgico e teimoso dos cães, deve também ser o mais doce, o mais desrespeitador e mais companheiro animal com que tive a sorte de poder passar já la vai mais de um mês. Há um mês que acordo preocupada se o menino dormiu bem, se tem frio, sede ou qualquer outro mal estar. Há um mês que sou também oficialmente responsável por um canídeo que até parece pessoa. Há um mês, excluindo esta semana, que bato palmas desenfreadas se o bull faz as necessidades no sítio e o repreendo se se esquece onde estão os jornais. Há um mês que lhe peço que não me mordisque os dedos das mãos e dos pés e que teima em o fazer. E há cerca de uma semana que vai a rua. Melhor dizendo: absorve em pequenos e lentos passos e nariz em todo e qualquer objecto plasmado no chão. Um passeio com o bull é uma aventura de paciência e de alteração de ritmos. Tanto corre em desespero como se senta por meia hora sem que nada o mova. Há um mês que este "demónio" branco nos enche a alma e as horas livres. Não queria que fosse de outra maneira. É que, bem sinceramente, mal sei como vivi os meus tempos livres até aqui.
Não há nada mais reconfortante que saber que estamos perto do final de semana. Já experimentaram a sensação de leveza que surge nas últimas horas úteis do dia? Hoje estou com uma enorme neura. É segunda feira. Até aí, nada de novo. Também nada de novo nos dias que se prolongam entre notificações, prazos, despachos, telefonemas e a fúria das compras. Estamos no Chiado. Não chove ao almoço e a correria de cores e jovens e velhos e cães é assustadora. Somos empurrados para as lojas e para os saldos. Depois somos empurrados de volta e a tarde custa muito a passar. Queremos despachar as horas com a rapidez dos desejos que temos de voltar à adolescência. Ter tanto tempo que, se voltasse atrás, receava não saber o que fazer com ele. Hoje quero descansar e deitar-me cedo. A noite acaba tarde quando temos cães a passear, casa a arrumar, tempo de qualidade a passar com o namorado e séries, programas, etc e tal... Há pouco tempo para aquilo que merece o nosso tempo. Até aqui, nada de novo. E aqui escrevo, porque o tempo começou a ser interior, sentada no sofá, final de noite, a queixar-me do tempo. E também deste clima, que arrasa a esperança de que o feriado que se aproxima seja vivido como se de Verão se tratasse. Enfim... chegámos ao tempo da chuva. Estou com uma enorme neura. Já experimentaram a sensação?