

Hoje volto a dedicar este espaço a um dos meus programas favoritos - Project runway.
Há uns dias passaram na Sic Mulher a primeira série, que acompanhei avidamente.
Tenho-me apercebido, nos últimos tempos, da existência de interesses (meus) antagónicos com aquilo que escolhi fazer da minha vida.
Um deles é o estilismo.
Curiosamente, não me interesso muito pelo estilismo real nem com as derradeiras tendências da moda, mas gosto de desenhar. Só isso. Se me derem um papel e um lápis, desenho num ápice.
Mas não foi por essa razão que me tornei uma viciada no Project Runway. A criatividade, por si só, é um ponto de agrado mas o que me prende ao programa é a personalidade dos concorrentes.
Já antes, neste espaço, me pronunciei quanto às personalidades complexas que povoam o programa. Nada mudou, curiosamente, de série para série. Não sei onde os vão buscar, mas temos todos os estéreotipos de pessoas que a psicologia vem desenvolvendo.
O homossexual assumido, vestido com bom gosto, voz aguda e trejeitos estranhos;
A menina/menino de cor, que pode oscilar entre demasiado apagado ou totalmente snob;
O convencido que só vê o seu umbigo;
A modesta menina bem comportada que até tem outra profissão mais clássica;
O straight guy que resolveu ser designer porque os papás tem dinheiro;
A latina/latino que enche a passarela de peças de roupa ao estilo sexy que só os latinos sabem dar;
O bebé chorão que chora porque fez um bom trabalho e chora porque foi expulso;
A Miss Perfection que afinal também tem telhados de vidro...
Enfim, é disso que gosto no Project.
Mesmo que as roupas sejam, por vezes, de fugir, e que já ninguém aguente a voz aguçada da Heidi Klum, o ar pedante da Nina Garcia (que foi recentemente expulsa da Elle, e ainda bem); as mariquices do Michael Kors, a verdade é que ver um pouco de nós (e de muita gente que conhecemos), assim, tão despido de preconceitos, é altamente viciante.
Só por isso, vale a pena o esforço.
Como diria Tim Gunn, they make it work.